domingo, 24 de julho de 2011

A leishmaniose e seus sintomas


A leishmaniose se manifesta em dois tipos: visceral e tegumentar americana — este último tipo, registrado com mais frequência no Nordeste.

A Médica Veterinária Micheline Pimentel voluntária da AMADA, explica que a leishmaniose é causada pelo protozoário leishmania.

O protozoário é encontrado em roedores, como ratos silvestres, gambás, bichos-preguiça.

O homem é infectado acidentalmente através da picada da fêmea de um mosquito conhecido como mosquito-birigui ou mosquito-palha — o mosquito pica o animal infectado e depois o homem, transmitindo o protozoário. “Não é uma doença que se transmite pelo contato, apenas pela picada do mosquito”, salienta Micheline Pimentel.

A leishmaniose tem sua ocorrência geralmente em áreas de desmatamento, na zona rural ou próximo de bairros em expansão. Com a expansão urbana e o desmatamento, outros animais passaram a apresentar a presença do protozoário, como o cachorro e o cavalo. “Na cidade, a leishmaniose aparece em áreas com acúmulo de lixo, com muitos ratos”, diz a veterinária.


Sintomas — A leishmaniose pode ser identificada por uma ferida característica que se forma no local onde o mosquito pica — geralmente em áreas “descobertas” da pele, onde não há roupa. Após a picada, surge uma bolinha vermelha que evolui para a ferida e forma uma lesão na pele. “Em geral, a ferida não dói nem coça”, diz a veterinária.


O que identifica a lesão como leishmaniose são as bordas emolduradas — em relevo, elevadas, avermelhadas.

A leishmaniose tem cura, já que o tratamento elimina o protozoário do corpo. Após exame — normalmente biópsia e reação de pele — e a confirmação da doença o tratamento é iniciado com um medicamento específico, controlado pelo governo.

Por esse motivo, o tratamento da leishmaniose só é feito na rede básica de saúde.
Diante das dúvidas, proprietários de animais de estimação me ligam perguntando sobre leishmaniose, verifiquei como a população de São Luís pode tirar algumas dúvidas:

- Se o exame sorológico realizado pela der positivo, quer dizer que meu cão tem mesmo leishmaniose?

Não necessariamente. O diagnóstico da Leishmaniose é complexo e envolve a realização de mais de um exame laboratorial associado ao exame clínico do animal feito por veterinário. Por isso é importante realizar ao menos outro exame como contraprova. No exame sorológico realizado há problemas de cruzamento com outras doenças. Até verminoses comuns e erliquiose (doença do carrapato) podem dar um "positivo" no exame sorológico. Assim, seu cão pode ter apenas doença do carrapato ou vermes comuns e testar positivopara Leishmaniose!! E, independentemente de reações com outras doenças, todos os exames têm uma margem de erro.

- Mas que exame seria essa contraprova?
O exame de contraprova deve ser feito por métodos parasitológico (citologia) e molecular (PCR), com material coletado da medula óssea ou linfonodo do animal.

Caso o resultado do exame sorológico feito pela SMS dê positivo, converse com seu veterinário e peça a realização de um exame como contraprova.

- Se o exame sorológico do meu cão deu positivo, os agentes de saúde podem entrar em minha casa e levá-lo para matar?

NÃO. A Constituição Federal, que está acima de qualquer lei distrital e federal ou portaria, prevê que sua casa é inviolável. Ou seja, qualquer entrada não autorizada em sua casa requer ordem judicial. O Superior Tribunal de Justiça decidiu em uma Ação Civil Pública, proposta no Mato Grosso do Sul, que animais só podem ser mortos com o expresso consentimento do proprietário e após a realização de exame como prova e de contraprova. Se algum agente de saúde o ameaçar, isso é abuso de poder. A decisão de sacrificar um animal é do proprietário, e algo muito sério.

- O que eu posso fazer para meu cão não ser infectado?

VACINE seus cães – a vacina oferece de 80% a 95% de proteção, ou seja, a chance de um cão vacinado ser infectado pela doença é mínima. Existem estudos que dizem, inclusive, que mosquitos-palha (flebótomo) que picam cães vacinados podem perder a ação infectante. Portanto, a vacina também é um instrumento de combate à doença.

- Providencie coleiras que protegem os cães contra picadas de mosquitos (Scalibor) ou pour-ons repelentes (Advantage Max 3, Pulvex Pour-on). A coleira, em particular, além de repelir o inseto, causa a morte daqueles que picam o cão, portanto, também é uma medida de combate a doença.

A própria Organização Mundial de Saúde recomenda o uso dessas coleiras nos cães como medida para combater a doença.

- Ouvi dizer que a vacina é ineficaz, deixa o animal soropositivo e que o Ministério da Saúde não a autorizou. Ao ser vacinado, o animal não se torna um transmissor da doença para o mosquito-palha?

Nenhum animal (ou humano) contrai uma doença ao ser vacinado! Ao contrário, a vacina é mais uma proteção. Ela estimula uma reação de defesa do organismo contra o agente causador da doença.

A vacina contra a Leishmaniose oferece alto índice de proteção – 80% a 95 %. Para se ter uma idéia, a vacina anti-rábica canina distribuída pela campanha oferece até 40 % de proteção e a vacina humana contra póliomelite oferece entre 13 % e 50%.

Se o seu cão for vacinado, guarde os exames (negativos) feitos antes da vacina e o comprovante de vacinação. Ao receber os agentes de saúde, mostre estes documentos. Isso mostra que você está tomando as precauções devidas para combater a doença.

O registro de vacinas de uso animal é realizado apenas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e não pelo Ministério da Saúde (MS). O que o MS não recomenda (ainda) é o uso da vacina canina como medida de controle da leishmaniose visceral humana.

- O que a Organização Mundial de Saúde (OMS) diz sobre o método de sacrifício de cães como forma de combater a Leishmaniose?

Ao contrário do que tem sido divulgado, a OMS e vários pesquisadores questionam a eficácia do sacrifício de animais como medida de combate à doença.

A matança de cães é ineficaz, entre vários motivos, por que:

· Vários outros animais (inclusive humanos) também são reservatórios da doença para o mosquito;

· O alarmismo causado ao se culpar os cães aumenta as taxas de abandono desses animais, aumentando, conseqüentemente, o número de cães errantes e imunodeprimidos que podem ser alvos da doença;

· Pessoas que tem seus animais sacrificados, frequentemente levam outro animal para casa sob as mesmas condições de exposição à contaminação, principalmente filhotes ainda não imunizados.

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Dúvidas:

pimentelvet@yahoo.com.br

Micheline Pimentel/Médica veterinária/AMADA

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